segunda-feira, 3 de maio de 2010

O trabalhador em fuga

Uma rotina de trabalho desagregador. Uma hora para ler, uma hora para escrever, outra hora para reler, outra hora para reescrever. Nada de carregar pedra. Nada de quebrar pedra. Não produz nada, apenas repassa as informações necessárias para um ponto A transmitir a um ponto B e quem sabe ganhar a causa contra um ponto C. Um trabalho alienado. Um trabalho não recompensado. A transformação das horas de trabalho em dinheiro, em capital. O trabalhador em fuga procura uma nova rotina de transformação do trabalho em dinheiro. Um caminho em círculo, indo e voltando ao mesmo ponto de sempre. Um trabalho em troca de dinheiro. Reconhecimento, nenhum. Quem sabe escrever umas poucas palavras em sintonia com o pensamento não programado pela rotina de trabalho torne a vida um pouco melhor do que quebrar pedra, de carregar pedra e não ver o nome na placa de inauguração daquela obra que enriqueceu uns poucos e roubou o tempo de milhares. Eu gostaria de escrever mais um pouco, mas já passa da hora. Amanhã já é hoje. Sábado foi o Dia Internacional do Trabalhador. Muitos morreram para reduzir a exploração do trabalhador pelo patrão. Muitos morreram para reduzir o tempo que o trabalhador passaria na oficina, no campo de obras, na indústria. E muitos ainda não conhecem os prazeres da leitura, da literatura, da pintura, da música. Maurício Pereira tem uma música do trabalhador que faz música. Vou procurar o disco e depois volto a escrever mais sobre o ofício de viver.

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