segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O troco do mendigo

Na esquina da Tamoios com a Curitiba, o mendigo esperava o seu antagonista. O canivete enferrujado mantido em mão guardada no bolso. Aberto. Um golpe rápido. Perfuração lenta. Pensava retorcer o instrumento na barriga do estranho que pilhou suas riquezas na rua de cima. Aguardou na esquina. Sabia o horário. Estava no local certo. De longe, o opositor viu a bolsa encardida balançando na porta da pastelaria. Seria o dia do troco, pensou. Eu vou à forra. Olhou de beirada para ver se ele vinha. Antes que piscasse, um movimento brusco rebentou sua perna. Uma mão fechou-lhe a boca. O algoz encenou um reencontro de amigos enquanto o golpe entrou no alto do quadril e desceu quase até o joelho. Além de ladrão, é burro. Da próxima vez que armar tocaia troca a roupa e esse saco. Eu vi essa porcaria de longe. Agora, bico fechado. Quando eu tirar essa lâmina da tua perna, tu vais caminhar até esquecer essa pendência entre nós. Manco, agora é que tu vais tirar um bom troco dos idiotas. Dá mais realidade à tua vida miserável.

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