quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Esperando o troco

Eu tenho coração, mas o cara me pediu apenas um real. "Um real, senhor.", ele disse. Eu entreguei dez reais na mão dele e ele sorriu vazio - não tinha nenhum dente na boca - e agradeceu. Eu fiquei lá, parado na frente dele. Insistiu no agradecimento, com mais ênfase na palavra "Deus". Que esperava o meu troco foi o que falei. Espantado, ele me questionou com os olhos. Retruquei com os olhos também. Bufou. Eles sempre bufam quando são contrariados. Parecia que não tinha troco. De repente, abriu uma bolsa. Resumindo o conteúdo que eu consegui enxergar: 1) um celular (melhor que o meu); 2) um relógio digital japonês (eu tenho um analógico de 30 contos); 3) uma dentadura (não preciso explicar); e um maço de notas (de fora para dentro, notas de 50, 20, 10, 5 e 2 reais). Separou o dinheiro rapidamente, como um caixa de banco bem experiente. Em menos de cinco segundos tava eu parado em frente a um farsante com nove reais na mão. Puxei minha arma e falei: "Passa tudo pra cá!". É, eu tenho coração. E uma calibre .22 para o caso de encontrar um marginal no centro da cidade.

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