sexta-feira, 4 de junho de 2010

Um canteiro de obras

Eles vêm de outras partes da cidade, de onde não existe a chamada urbanização. Constroem casas para outros morarem. Constroem comércios para outros lucrarem. Trabalham como qualquer outro trabalhador, porém das suas mãos saem obras que permanecerão durante muito tempo figurando numa rua, numa avenida, numa praça. Eles chegam ao bairro quando outras pessoas do bairro ainda nem acordaram. Chegam silenciosos. Ao raiar do dia já estão no batente, levantando paredes sem notarem que já existem paredes que os separam das outras pessoas. A hierarquia, o poder econômico, a escolaridade. Tudo isso é colocada numa escada invisível e cada degrau é remunerado de uma forma diferente. A pirâmide do capitalismo demonstra muito bem essa realidade. Poucos nos degraus superiores comandam alguns mais dos degraus inferiores e estes acham que mandam nos demais que se encontram na base da pirâmide, quando sabemos que somente os lá de cima realmente são os mandantes. Eu fico muito triste quando vejo alguém de sol a sol construindo algo que não será útil em seu próprio benefício. Afinal, são dias, semanas e meses para que o objeto saia do papel para a realidade. E na realidade vemos que essas pessoas não são donas do seu próprio tempo.

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