sábado, 20 de setembro de 2008

Nas Sombras III

Não saiu da peça. Adormecido no sofá. Único. O rebuliço lá fora. O pós-madrugada de corujas. Não parecia preocupado com o sol que entrava pela janela. Revirou a cabeça e esqueceu da vida. Ou vivia nos sonhos a velha utopia discutida em silêncio com outras pessoas. Companheiros. A manhã foi perdendo o sentido, abrindo caminho para a tarde. Ele resolveu levantar. Olhou no espelho. Não viu quem era. Não necessitava. Já sabia o texto de cór e salteado. Lavou o rosto e ganhou a rua. Magro, não fazia questão de alimentar-se. Entrou pelas velhas ruas movimentadas da cidade. Belo Horizonte. Longe do eixo. Os caminhos que o levaram à capital mineira só ele sabia. Não tinha amigos ali. Os companheiros de silêncio ficaram no passado. Foi necessário. Atravessou dua avenidas antes de se perder no parque. Era seu destino despistar estranhos, como aqueles que fizeram vigília do outro lado da rua no dia anterior. Como? Como ele sabia que eles estavam lá? Sabendo. Eles sempre estão à sua caça. Aguardando um passo em falso.

(Continua...)

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