domingo, 27 de julho de 2008

O coletor de corações

Fazia ponto na esquina da Amazonas com Afonso Pena. Vários trabalhadores adentravam o PSIU à procura de serviços, de registros. Segurando sua modesta plaquinha - não comprava vale transporte, nem vale refeição -, esperava os curiosos se aproximarem. Depois de três palavras, ou conquistava, ou era taxado de louco. "Jesus te ama", dizia. Sua profissão, não remunerada, consistia em propagar essa expressão e, quem sabe, conquistar algum coração angustiado. A peleja era dura. Todos que circulam por aquela região sempre estão com pressa. Não suplicava, apenas aguardava. Quem se aproximasse, recebia seu "Jesus te ama" com a voz mais sincera e o olhar mais puro que alguém já tenha admirado. Talvez, este personagem esteja em minha mente de verdade. Talvez. Não o vi, mas já o imaginei sentado na Rio de Janeiro, sentado aos pés do monumento da Praça Sete.

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