sábado, 9 de maio de 2009

Pedras na Calçada

O caminho é longo. Viro à direita, depois à esquerda. Acho que a Esperança está longe. Não tenho grana para o taxi, para o metrô ou para o ônibus. Só a pé. Um dia eu chego lá. Enquanto isso vou contando as pedras da calçada. Estreita calçada com guia de cego e muitos entulhos, humanos e não-humanos. Queria não ter de desviar de outro corpo, apenas trespassá-lo. O esbarrão, às vezes, é bom, mostra que a gente tá vivo, mas tem horas que um esbarrão dói, machuca, e a gente tem que pedir desculpa. Eu não gosto de pedir desculpa. Eu não tenho culpa. Eu caminho num caminho que é meu, que não é de mais ninguém. Se eu for pedir desculpas sempre que esbarrar em outro corpo, não chegarei nunca no meu objetivo. Eu comecei a divagar sobre o que não queria. Tenho apenas que caminhar um pouco mais para chegar lá, onde o mundo não é torto, onde as calçadas são largas, onde os carros param quando damos sinal de vida. Alguns dizem que esse lugar é Brasília, eu chamo de Utopia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário