sexta-feira, 1 de maio de 2009

Cubo de gelo gelando na janela

Persiana fechadas. Gruta escura. Um urso hiberna. A geladeira congela. O frio amansa o sentimento. O cobertor aquece o corpo-pedra que dorme sem hora para acordar. A escova está na pia. Nenhum dente para escovar. O lixeiro não passou. As sacolas na área de serviço exalam o cheiro do estragado, dos restos de ontem. A comida sobre o fogão não foi posta na geladeira. Conserva-se assim no frio ambiente. Os olhos do urso abriram de manhã, no escuro é como se não tivesse aberto. O ouvido contava os tremores dos ônibus lá fora. Estavam no horário? Quem se importa? É feriado.

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