sábado, 2 de maio de 2009

Dormência / O Morto

Sobre o braço dormi à noite
Não tinha espaço
O cadáver ao lado não se mexia
Olhos noturnos olhei
Não era ele
Ou ele era
Ele era eu
O cadáver era eu
Morto incubado no colchão
O dia não amanheceu
Pois a persianas estavam fechadas
Se não vejo luz, não acordo
Se não acordo, não vivo
Era mesmo um cadáver
Dormentes
O braço e o cabelo
Quando morto, o cabelo cresce
O meu já estava grande
Dormindo de mal jeito
Ele torceu
E o couro cabeludo doeu
Apenas à tarde
Quando o morto já estava bem vivo
Na frente do computador declarando:
"Eu não morri".

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