domingo, 5 de abril de 2009

Detonando a bicicleta velha

Morrinho. Já viu? Quem andou de BMX conhece muito bem. No N5 de Carajás (PA), havia uma pista de bicicross no fundo do clube Serra Norte. Ali peguei uns tombos quando a traseira da bicicleta insistia em se manter no ar. Não conhecia manobra nenhuma de bicicross - até hoje não conheço -, mas me divertia um bocado no barro da pista em dia seco. Em dia de chuva, nem me atrevia a escorregar pelas rampas e morrinhos. Mas por que comecei este texto com a palavra morrinho? Simples. Sempre que via um morrinho na minha infância eu puxava a bicicleta velha para o ar no primeiro instante em que o pneu dianteiro tocava o início do morrinho. Tava ali a minha manobra - única - sendo exaltada com ares de profissional. É como se houvesse uma plataforma invisível acima do chão. Eu andava por alguns segundos nessa plataforma. Hoje, quando vejo skatistas andando em plataformas invisíveis, sinto saudade daquele tempo. Depois da primeira infância em Carajás, experimentei a segunda infância em Castanhal, também no Pará. Ali aprendi a andar em apenas uma roda. Um dos meus sonhos mais recorrentes de noites adultas é achar que estou percorrendo vários quarteirões desse modo. A bicicleta velha ficou no passado.

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