sábado, 28 de junho de 2008

Curta-metragem em Belo Horizonte

"Uma idéia na cabeça e uma câmera na mão".

Ele, na verdade, era um curta-metragista de ações rápidas. A idéia de um filme aflorava em sua mente a partir de imagens construídas rapidamente. Um sofá velho plantado na portaria de um prédio em plena Augusto de Lima o fazia criar uma história em segundos. Juntava alguns colegas ou transeuntes anônimos e "fazia". Sem roteiros pré-definidos, ele experimentava não o cinema-verdade. Longe disso. Ele criava histórias, situações que o permitissem gravar em vídeo e só depois trabalhar os contos. A verdade é que ele achava que sua vida seria curta demais. Como seus filmes. Outro dia, durante uma noite fria, andando pela Curitiba viu várias pastelarias; desceu para a Olegário Maciel e viu outras pastelarias. Entrou numa delas e começou o filme. A lente no óleo quente de fritar pastéis, depois nos clientes agasalhados devorando a massa frita, tomando refresco. Saiu de lá com uma impressão boa de que aquele momento, mesmo que não virasse um curta, já bastava para satisfazer sua fome de viver. Resolveu subir para a Afonso Pena e suas faixas de pedestres disputadas. A idéia era gravar o burburinho da Praça Sete. Pessoas para lá, pessoas para cá. De repente, não mais que um repente, a câmera tomou um novo ângulo depois de girar no ar e cair deitada para o lado direito. Um corpo no plano. No asfalto o cineasta largado no chão, sem o brilho dos olhos. A vida, realmente, era muito curta.

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