domingo, 5 de junho de 2011

Desejos

O desejo de morte morreu. Morreu antes de ser desejada. A morte morreu. Assim como o desejo. O escritor não encontra mais palavras para descrever o assassínio de outros que não ele. O desejo suicida de não escrever, de fenecer, de não se ter a quem escrever, de não ser. O desejo de morte morreu. O desejo de matar, no entanto, sobrevive. Ai daquele que escrever por linhas tortas. Ai daquele que atravessar o meu caminho. Ai daquele que mantiver o seu jetom e não prestar contas certas ao eleitor. Matarei na próxima eleição. Em sua urna, não depositarei voto, apenas uma flor. Um cravo, encravado em sua testa. O desejo de morte morreu. O de matar sobrevive.

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