segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Cozinhando na Lata

17h20. Linha 1 do metrô. Linha única? Destino: Inferno, passando por nove estações repetidas. Primavera, verão, primavera, verão etc. O ar que desce escorre pelo pescoço. Sem cortina, o sol bate na tua cara e te chama de vagabundo. 1,8 conto? Não dava 1 centavo para cozinhar nessa lata.

domingo, 26 de outubro de 2008

Dois países chamados Praia e Morro

Imaginemos que um país chamado Rio de Janeiro saísse de uma eleição literalmente rachado, 50-50. Imaginemos, agora, que um dos candidatos fosse o rei da praia e o outro o rei do morro. Imaginemos que Philip Goldberg fosse embaixador estado-unidense no Rio de Janeiro. Imaginemos que na costa deste país houvesse a maior reserva de petróleo do planeta. Imaginemos que houvesse um golpe e Rio de Janeiro virasse, da noite para o dia, uma zona de conflito armado. Imaginemos que de uma guerra civil surgissem dois países: Morro e Praia. Em qual você ficaria? O que você faria?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Partido...

Quebrei o dente. Uma hora estava aqui. Noutra partiu. Era moleque, em Castanhal, quebrando castanha-do-pará no dente. Senti o crocante branco. O crocante se tornou afiado, quase rasguei o lábio superior. Era branco. Branco de dente. Não fiquei banguela. Foi-se uma lasca do primeiro da frente, o incisivo central. São dois. Dois lascados. Acho que uma das lascas engoli. Ah, meus tempos de trave-sem-goleiro! Quando a gente perde um dente é um sofrimento. Não nasceu comigo, mas deveria morrer (comigo). Isso aconteceu, em definitivo, quando conversava com amigos de faculdade. À certa altura do campeonato, senti o baque. Um incisivo lateral tentava me abandonar. Que hora! - Eu sorria nessa hora, imagine. Segurei-o com a língua. Assim fiquei por longas horas. Não tinha espelho na faculdade, por isso não vi como o negócio ficou. Só fui ver em casa. Partiu bem na gengiva. O danado ainda tinha parte da coroa e a raiz fincada na gengiva. Seguinte: fui ao dentista, o sujeito reparou o trauma, fincando um parafuso no espaço vago e um dublê em cima do parafuso. Foi branco. Hoje é azul.

sábado, 18 de outubro de 2008

O grito das urnas

Apertado o botão. A urna grita. Não confirme o que não pode ser confirmado. Ninguém me representa melhor que eu. Próprio. Múltiplas faces. Múltiplos eus. Múltiplo Zeus. Diz, Graça! O que te faz pensar que alguém nos representa melhor que nós mesmos? Eu não perco meu tempo buscando similares entre estranhos. Procuro diferenças cruciais para meu juízo de valor. Perdido não estou. Tenho uma bússola. Esquerda. Aponta o norte onde o sul está. Quando chove é inverno. Não, verão. O retorno. O médico já avisou que devemos retornar no dia 26 para nova consulta. Um SUSto pensar que sairá de dentro da urna um sujeito que desconheço completamente. Não são coelhinhas da Playboy saindo de um bolo gigante. É um político. Da pior raça. Do tipo profissional. Pagando, ele te dá o botão para você apertar o caixa da registradora. Dos porões da ditadura e do Vale do Aço. Um enferrujado. Outro conservado em óleo johnson. Pode ter sido um daqueles bebês de propaganda. Aliás, propaganda tem sido a arma do negócio. Coisa de quem atira pra tudo que é lado e acaba tendo um lado apenas. O próprio.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Foice

Sentado no meio-fio
Orando a Deusdará
Olhou nos olhos
Do pedestre
Peatón, en español.

Virado para a direita
Do Pirulito
Trafegou por faixas
Brancas, vermelhas, brancas, vermelhas.
Caminhou.

Caminho ingrato
Sol causticante
Manifestações públicas
De trabalhadores
Insatisfeitos.

Ainda penso:
Por que não fazemos manifestações
Quando estamos satisfeitos?
Não tenho a resposta
Talvez, você.

Greve dos Bancários - Outubro de 2008.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

E os putos?

Cansei. As genitoras não merecem mais arcar sozinhas com um xingamento que virou lugar-comum: filho da puta. Os putos-genitores também devem levar umas pedradas em praças públicas. Safados que não aparecem em registros, certidões de nascimento. Há aqueles que geram excrescências que perduram. Xinguem-nos! Chamem de filhos do puto!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Una canción de guerra

Otra vez
No sé decir
Que pasa en
Tu cabeza
¿Hay una
Cabeza?
¿O veo cosas
Invisibles?
Guerra
Es lo que veo.