sábado, 23 de julho de 2011

Calos Literários

Existem calos nas mãos do escritor. Os nós dos dedos não suportam mais jatos de água fria. O trabalhador renitente folheia o dicionário em busca das chaves corretas, palavras que atinjam o objetivo de denunciar o gosto doce da vida ou o amargo da morte. Escrever, ainda assim, é um prazer. Como outro trabalho qualquer, exige disciplina e um toque humano. Desumano não pode ser, pois a expressão escrita é uma extensão da vida. Trabalhar com palavras é tecer uma colcha de retalhos, de impressões, de observações.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Carpinejando

Ele subiu ao palco. Parecia um ET, um dos "restart", colorido, mas provocante. Carpinejar me surpreendeu. Eu o li mais que vi. Por isso, o choque. A primeira impressão é a que vale? Carpinejar vale todo o tempo do mundo. Estive ali, frente a frente com o "capeta em forma de guri". Durante a sessão de perguntas e respostas, me diverti mais ainda, carpinejando, aproveitando suas tiradas e lições de quem sabe muito bem do que tá falando e que, se não sabe, finge muito bem também. Carpinejar é um ser humano iluminado, com tesão. Quando discutiu a relação com uma senhora da platéia e provocou arrepios e gargalhadas, tive medo de que o "show" acabasse antes do gozo, do orgasmo. Ainda bem que a Censura - "única entidade que ninguém censura", dizia a Plebe Rude - ficou no passado. Voltando ao presente, Carpinejar foi o marido, o amante, o pai e o filho, ao ler dois poemas no final. Ficou o gostinho de quero mais, de comprar o pão na padaria - ou no mercado - e levar para ele amanhã, só para ver e ouvir mais da sua performance surreal. Obrigado, Fabricio Carpinejar. Bendita mãe que te pôs no mundo.