sábado, 9 de janeiro de 2010

Ratos e Baratas

Na área de serviço há um tapete de asas de baratas e fezes de ratos. A noite foi longa para os habitantes daquele compartimento. Uma chuva fina sobre o bairro, uma nuvem de veneno nas casas vizinhas. Procuraram o único lugar limpo do condomínio: aquela área de serviço. Área que na manhã seguinte apresentava a descrição inicial. O cheiro denunciava o ralo do banheiro. No entanto, depois de várias lavagens por meio de água, sabão e produtos químicos, o cheiro permanecia, e não era o cheiro do ralo. A porta empenada dificultou o acesso ao setor de lavanderia. O tapete era negro e marrom. Atrás das prateleiras de um armário de ferro não montado, residiam 3 corpos. Os vencedores da noite, os ratos, depois de exterminarem as baratas, morreram por conta do veneno das outras casas de onde haviam fugido. Um dos corpos era franzino, largado no meio da área, a um palmo da máquina de lavar roupas. Os outros dois corpos, um franzino tal como o primeiro e um enorme - do tamanho de um antebraço adulto -, estavam fixados entre duas prateleiras. Gordos e fedorentos. O trabalho para tirá-los dali exigiu uma pequena pá e alguns sacos pláticos. A respiração teve de ser feita oralmente. A podridão se fixava no cérebro quando inspirada pelas narinas. Não era dia de recolhimento de lixo. Apesar da penalidade prevista, não se podia manter aqueles corpos estranhos dentro de casa. Jogados do outro lado da rua, permaneceram até o dia seguinte, quando foram recolhidos pelos garis do caminhão de lixo.

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