quinta-feira, 30 de julho de 2009

Batida de Trem

Como uma bala penetrando a caixa craniana, trem lotado bateu no peito do trabalhador parado na trilha de pedestres olhando para a lua. Um frio de doer os ossos e o fio de cabelo do careca. Não era desatenção. Era o deslumbramento luminoso da lua. Talvez não estivesse na linha do metrô, nos trilhos, mas era algo parecido, algo como faixa de pedestres. Talvez não fosse um trem, fosse um ônibus lotado de passageiros, eternos viajantes cansados que perdem horas no trânsito se locomovendo de um lado para outro em troca de tostões. Não queira entrar num campo de batalha, pois Cruzeiro e Atlético é jogo para gente grande. Um tostão pode virar um pescoção e o piloto da maca pode levar uma eternidade para atravessar o gramado, como os passageiros no Complexo da Lagoinha. Aliás, com esse complexo, a Lagoinha tá longe de virar uma Lagoa Rodrigo de Freitas. Habitantes de Belo Horizonte, um dia essa cidade para - ah, que saudade do acento! - e quando parar não haverá um grão de asfalto da Velha Antônio Carlos para contar que ali onde esparramaram concreto era uma calçada esburacada onde tropeçamos um dia. Abriram um caminho mais largo para os carros, desenvolvendo novas formas de sofrimento, tal qual uma passarela em que desfilam os últimos modelos. Eu não sei mais o que dizer disso tudo. Ah, sei. Por opção, menos traumática, tomei um ônibus que trafega na Cristiano Machado. A grana encurtou no fim de mês e tive que optar novamente por outra via, o velho trem que é metrô apenas duas vezes entre o Vilarinho e o Eldorado. Debaixo da terra, esse trem seria um metrô, subte.